10 minutos parados - os primeiros humanos fotografados
- José Fernandes Reis
- 17 de set. de 2024
- 2 min de leitura

Em 1838, na movimentada cidade de Paris, o fotógrafo francês Louis Daguerre realizou uma das primeiras imagens da história que capturaram seres humanos. Naquela época, a fotografia era uma invenção revolucionária, mas ainda rudimentar, e as câmeras precisavam de longos períodos de exposição para captar a luz. Um dos primeiros registros fotográficos de pessoas ocorreu por acaso e revelou dois personagens inesperados: um engraxate e seu cliente, retratados em uma rua da capital francesa.
A fotografia, conhecida como "Boulevard du Temple", foi tirada por Daguerre usando o processo de daguerreótipo, uma técnica pioneira de captura de imagens. No entanto, as limitações tecnológicas da época exigiam que as pessoas ou objetos permanecessem completamente imóveis para que fossem registrados. Para obter a imagem, foi necessário um tempo de exposição de cerca de 10 minutos. Durante esse período, a maior parte da cena da rua, com seus pedestres e carruagens, foi "apagada" pela movimentação, o que significa que qualquer coisa que se movesse rapidamente não seria captada pela câmera. No entanto, o engraxate e seu cliente, que permaneceram praticamente parados durante o polimento dos sapatos, ficaram visíveis na fotografia, marcando um momento histórico.
Essa imagem, além de representar uma inovação técnica, oferece um vislumbre fascinante da vida cotidiana em Paris no século XIX. Embora hoje as ruas daquela época pareçam distantes e anônimas, esse engraxate e seu cliente são figuras notáveis na história da fotografia, sendo os primeiros seres humanos a serem capturados em uma imagem permanente.
O processo de captura em daguerreótipo funcionava como uma revelação química sobre uma placa de cobre revestida com prata, que reagia à luz. A longa exposição necessária para formar a imagem significava que apenas objetos imóveis eram claramente visíveis, e o engraxate e seu cliente tiveram que manter-se parados por tempo suficiente para serem imortalizados.
Essa fotografia icônica é um marco tanto na história da fotografia quanto na documentação da vida urbana. O daguerreótipo de Daguerre não apenas inaugurou uma nova era na arte de capturar momentos, mas também, ao acaso, destacou duas figuras comuns, transformando-as em personagens imortais da história visual. O fato de o engraxate e seu cliente terem sido capturados apenas por estarem parados reflete tanto as limitações da tecnologia da época quanto a beleza das coincidências que a história reserva.
Essa simples cena da Paris do século XIX é um lembrete do quão longe a fotografia chegou e de como as inovações do passado continuam a nos fascinar e influenciar até hoje. O engraxate e seu cliente, figuras humildes e anônimas, agora estão para sempre gravados no tecido da história como os primeiros humanos a serem registrados em uma fotografia.
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